sábado, 17 de novembro de 2012

SÍNDROME DE BURNOUT



SEDIMENTANDO O CONCEITO NUMA SÍNTESE CRÍTICA

Tania Santos Loos[1]

            Inicialmente, importante referir que não é tarefa fácil definir o que seja a Síndrome de Burnout. Isto porque definir pressupõe uma verdade absoluta, é dizer o que a coisa é. E, em se tratando de uma Síndrome, é preferível falar-se em conceituação, ou seja, uma explicação possível de ser construída a partir dos textos de apoio e discussões nos fóruns, podendo ser contestada, acrescentada e/ou modificada.
            Na essência do termo, Síndrome é o conjunto de sinais e sintomas vinculados a uma mesma patologia, que avaliados agregadamente permitem compor um diagnóstico ou quadro clínico de uma condição do sujeito. Pode-se, inclusive, afirmar que síndrome não é doença, mas uma condição médica.
            Especificamente, a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, foi denominada, no início dos anos 70, pelo psicanalista Freudenberger, que a descreveu após constatá-la em si mesmo.
A fim de consolidar o entendimento ora apresentado, conveniente citar que Maslach e Jackson (1981), mencionados em vários estudos, definem a Síndrome de Burnout e, ao mesmo tempo, apresentam as dimensões conceituais da mesma conforme a seguir descrito:
Uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados ou com problemas. Cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene; grandes responsabilidades espreitam o profissional a cada gesto no trabalho. O trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não aguenta mais, entra em Burnout.
A síndrome é entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes:
1) Exaustão Emocional – situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas.
2) Despersonalização – desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo às pessoas destinatárias do trabalho (usuários/clientes) – endurecimento afetivo, ‘coisificação’ da relação.
3) Falta de envolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma ‘evolução negativa’ no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e o atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização.[2]

De forma geral, é possível elencar como principais sinais de Burnout: a) necessidade de se afirmar; b) dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho; c) descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido; d) recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas; e) reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho; f) negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes; g) recolhimento; h) mudanças evidentes de comportamento; i) despersonalização; e, j) vazio interior. Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido.
Seus sintomas mais comuns são: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, muita falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, problemas digestivos (físicos), na esfera psicológica verifica-se a ausência de alguns fatores motivacionais: energia, alegria, entusiasmo, satisfação, interesse, vontade, sonhos para a vida, ideias, concentração, autoconfiança e humor.
Conforme pontuado em diferentes narrativas feitas por colegas, no fórum de discussão, contatou-se que o professor acometido por Burnout apresenta um quadro clínico que lhe impõe consequências pessoais e sociais significativa, sendo, em minha concepção, a de maior gravidade a tendência ao isolamento e desmotivação e, via de consequência, a negação da própria doença, fazendo agravar o quadro e seus comprometimentos/desdobramentos.
Ressalta-se, portanto, a urgência com que a questão precisa ser tratada sob pena de não o fazendo termos a escola esvaziada em decorrência de professores doentes, que ampliam o fosso entre a escola que temos e a escola que pretendemos, engrossando as estatísticas de estudantes desmotivados, que abandonam a vida acadêmica em função de uma relação professor-aluno afetada pelo conjunto da Síndrome de Burnout.
Por fim, são registrados dois links considerados interessantes para acesso e consulta para o aprofundamento do tema:





[1] Pedagoga, Educadora Social, Aluna do Curso de Extensão-CEDERJ
[2] Por Codo, Wanderley e Menezes, Iône Vasques – O QUE É BURNOUT? Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/jornaldoprofessor/midias/arq/Burnout.pdf

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