SEDIMENTANDO
O CONCEITO NUMA SÍNTESE CRÍTICA
Tania Santos
Loos[1]
Inicialmente, importante referir que
não é tarefa fácil definir o que seja a Síndrome de Burnout. Isto porque
definir pressupõe uma verdade absoluta, é dizer o que a coisa é. E, em se
tratando de uma Síndrome, é preferível falar-se em conceituação, ou seja, uma
explicação possível de ser construída a partir dos textos de apoio e discussões
nos fóruns, podendo ser contestada, acrescentada e/ou modificada.
Na essência do termo, Síndrome
é o conjunto de sinais e sintomas vinculados a uma mesma patologia, que
avaliados agregadamente permitem compor um diagnóstico ou quadro clínico de uma
condição do sujeito. Pode-se, inclusive, afirmar que síndrome não é doença, mas
uma condição médica.
Especificamente, a Síndrome de
Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, foi
denominada, no início dos anos 70, pelo psicanalista Freudenberger, que a
descreveu após constatá-la em si mesmo.
A
fim de consolidar o entendimento ora apresentado, conveniente citar que Maslach
e Jackson (1981), mencionados em vários estudos, definem a Síndrome de Burnout
e, ao mesmo tempo, apresentam as dimensões conceituais da mesma conforme a
seguir descrito:
Uma
reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo
com outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados ou com
problemas. Cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene; grandes
responsabilidades espreitam o profissional a cada gesto no trabalho. O
trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num
extremo, desiste, não aguenta mais, entra em Burnout.
A
síndrome é entendida como um conceito multidimensional que envolve três
componentes:
1) Exaustão Emocional – situação em que
os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem
esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário
com os problemas.
2)
Despersonalização – desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de
cinismo às pessoas destinatárias do trabalho (usuários/clientes) –
endurecimento afetivo, ‘coisificação’ da relação.
3)
Falta de envolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma ‘evolução
negativa’ no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e o
atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a
organização.[2]
De forma geral, é possível elencar como
principais sinais de Burnout: a) necessidade de se afirmar; b)
dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo
sozinho; c) descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os
amigos começam a perder o sentido; d) recalque de conflitos - o portador
percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as
manifestações físicas; e) reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos
conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e
a única medida da autoestima é o trabalho; f) negação de problemas - nessa fase
os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos
sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes; g) recolhimento;
h) mudanças evidentes de comportamento; i) despersonalização; e, j) vazio
interior. Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida
perde o sentido.
Seus sintomas mais comuns são: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, muita falta de ar, oscilações
de humor, distúrbios do sono,
dificuldade de concentração, problemas digestivos (físicos), na esfera
psicológica verifica-se a ausência de alguns fatores motivacionais: energia,
alegria, entusiasmo, satisfação, interesse, vontade, sonhos para a vida,
ideias, concentração, autoconfiança e humor.
Conforme pontuado em diferentes narrativas feitas
por colegas, no fórum de discussão, contatou-se que o professor acometido por
Burnout apresenta um quadro clínico que lhe impõe consequências pessoais
e sociais significativa, sendo, em minha concepção, a de maior gravidade a
tendência ao isolamento e desmotivação e, via de consequência, a negação da
própria doença, fazendo agravar o quadro e seus
comprometimentos/desdobramentos.
Ressalta-se, portanto, a urgência com
que a questão precisa ser tratada sob pena de não o fazendo termos a escola
esvaziada em decorrência de professores doentes, que ampliam o fosso entre a
escola que temos e a escola que pretendemos, engrossando as estatísticas de
estudantes desmotivados, que abandonam a vida acadêmica em função de uma
relação professor-aluno afetada pelo conjunto da Síndrome de Burnout.
Por fim, são registrados dois links
considerados interessantes para acesso e consulta para o aprofundamento do
tema:
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