sábado, 17 de novembro de 2012

AS RELAÇÕES SOCIAIS NO TRABALHO E A SAÚDE PSICOLÓGICA DO PROFESSOR





ATIVIDADE FINAL – MINHA CONTRIBUIÇÃO
Tania Santos Loos [1] 


Complementar o texto apresentado contempla uma citação de Rubem Alves que refere: mas na profissão, além de amar tem de saber. E o saber leva tempo pra crescer.
Assim, compreendo que a disciplina nos fez caminhar em direção ao olhar introspectivo, tornando possível uma reflexão acerca de como se desenvolve nossa prática sobre o ato de enxergar o outro e a nós mesmos.
Como num jogo cooperativo, precisamos aprender a olhar o outro com inocência, isto significa exercitar a empatia, a alteridade e dessa maneira compreender que precisamos do olhar isento de preconceitos, de rótulos e daquele jeito superior de ver o outro; ao mesmo tempo em que se exercita esse olhar inocente consigo, permitindo-se as limitações, os erros e acertos, sem tanta cobrança.
Conforme constatado nos vários depoimentos dos colegas, nos fóruns e debates, percebeu-se o quanto importante é saber ouvir o outro e, sobretudo, saber ouvir nossas próprias emoções, sensações e inquietações, tornando possível modificarmos condutas, atitudes e conflitos que, muitas vezes, ao se relegar a plano secundário traz de legado a insatisfação e, por consequência, uma série de danos à saúde física e psicológica. Incluindo-se, aí, o conjunto de sinais e sintomas que permeiam a Síndrome de Burnout.
De acordo com Maslow, o trabalho atende a uma das necessidades básicas do homem (segurança), entretanto, ultrapassa esse limite alcançando na hierarquia proposta outros patamares, até o cume da pirâmide onde a necessidade de autorrealização o faz procurar ser aquilo que ele pode ser. É neste último estágio que Maslow considera que a pessoa tem que ser coerente com aquilo que é na realidade. Segundo o teórico: "... temos de ser tudo o que somos capazes de ser, desenvolver os nossos potenciais". E é, nesse sentido, que se reforça o pensamento de Martin-Baró, posto que, especialmente ao professor, cumpre a tarefa de uma ação transformadora da realidade e para que isso ocorra não bastam técnicas, conhecimentos e habilidades, é preciso antes investir em si mesmo.
Em minha concepção o homem em sua dinâmica com o trabalho precisa estar motivado, sentir-se valorizado e integrado em suas relações intra e interpessoais, pois somente assim reunirá condições para enfrentar os desafios que lhes são apresentados no cotidiano.





[1] Pedagoga, Educadora Social, Aluna CEDERJ

SÍNDROME DE BURNOUT



SEDIMENTANDO O CONCEITO NUMA SÍNTESE CRÍTICA

Tania Santos Loos[1]

            Inicialmente, importante referir que não é tarefa fácil definir o que seja a Síndrome de Burnout. Isto porque definir pressupõe uma verdade absoluta, é dizer o que a coisa é. E, em se tratando de uma Síndrome, é preferível falar-se em conceituação, ou seja, uma explicação possível de ser construída a partir dos textos de apoio e discussões nos fóruns, podendo ser contestada, acrescentada e/ou modificada.
            Na essência do termo, Síndrome é o conjunto de sinais e sintomas vinculados a uma mesma patologia, que avaliados agregadamente permitem compor um diagnóstico ou quadro clínico de uma condição do sujeito. Pode-se, inclusive, afirmar que síndrome não é doença, mas uma condição médica.
            Especificamente, a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, foi denominada, no início dos anos 70, pelo psicanalista Freudenberger, que a descreveu após constatá-la em si mesmo.
A fim de consolidar o entendimento ora apresentado, conveniente citar que Maslach e Jackson (1981), mencionados em vários estudos, definem a Síndrome de Burnout e, ao mesmo tempo, apresentam as dimensões conceituais da mesma conforme a seguir descrito:
Uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outros seres humanos, particularmente quando estes estão preocupados ou com problemas. Cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene; grandes responsabilidades espreitam o profissional a cada gesto no trabalho. O trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não aguenta mais, entra em Burnout.
A síndrome é entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes:
1) Exaustão Emocional – situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas.
2) Despersonalização – desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo às pessoas destinatárias do trabalho (usuários/clientes) – endurecimento afetivo, ‘coisificação’ da relação.
3) Falta de envolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma ‘evolução negativa’ no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e o atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização.[2]

De forma geral, é possível elencar como principais sinais de Burnout: a) necessidade de se afirmar; b) dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho; c) descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido; d) recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas; e) reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da autoestima é o trabalho; f) negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes; g) recolhimento; h) mudanças evidentes de comportamento; i) despersonalização; e, j) vazio interior. Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido.
Seus sintomas mais comuns são: fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, muita falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, problemas digestivos (físicos), na esfera psicológica verifica-se a ausência de alguns fatores motivacionais: energia, alegria, entusiasmo, satisfação, interesse, vontade, sonhos para a vida, ideias, concentração, autoconfiança e humor.
Conforme pontuado em diferentes narrativas feitas por colegas, no fórum de discussão, contatou-se que o professor acometido por Burnout apresenta um quadro clínico que lhe impõe consequências pessoais e sociais significativa, sendo, em minha concepção, a de maior gravidade a tendência ao isolamento e desmotivação e, via de consequência, a negação da própria doença, fazendo agravar o quadro e seus comprometimentos/desdobramentos.
Ressalta-se, portanto, a urgência com que a questão precisa ser tratada sob pena de não o fazendo termos a escola esvaziada em decorrência de professores doentes, que ampliam o fosso entre a escola que temos e a escola que pretendemos, engrossando as estatísticas de estudantes desmotivados, que abandonam a vida acadêmica em função de uma relação professor-aluno afetada pelo conjunto da Síndrome de Burnout.
Por fim, são registrados dois links considerados interessantes para acesso e consulta para o aprofundamento do tema:





[1] Pedagoga, Educadora Social, Aluna do Curso de Extensão-CEDERJ
[2] Por Codo, Wanderley e Menezes, Iône Vasques – O QUE É BURNOUT? Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/jornaldoprofessor/midias/arq/Burnout.pdf