“
A ESCOLHA DA PROFISSÃO DOCENTE”
Tania Loos[1]
loos_consultoria@yahoo.com.br
Minha escolha profissional se deu em
decorrência da necessidade de ampliar meus conhecimentos na Área da Educação em
face de minha atividade profissional inicial ter se voltado para a atuação em
salas de aula, através de um Programa de “Educação Preventiva”.
Em que pese, na infância, ter como
referencial minha professora – Noêmia Regina da Fonseca Cravo, que até hoje é
um exemplo de profissional competente na “arte de ensinar” e que se tornou
inesquecível, minha opção pela Pedagogia foi se construindo ao longo dos anos
de 1992 a 2004, período em que comecei a atuar como Docente de um dos maiores
Programas de Prevenção às Drogas e Violência do Brasil, o Programa Educacional
de Resistência às Drogas e Violência (PROERD), desenvolvido pela Polícia
Militar em parceria com as Escolas e Famílias.
No
ano de 1992, após concluir o curso de Instrutores, ministrado por equipe do
Departamento de Polícia de Los Angeles (EUA), iniciei minha jornada em escolas
nos Municípios de Niterói, São Gonçalo, Nilópolis e Petrópolis. A proposta de
trabalhar um currículo preventivo com crianças me conduziu a muitos
questionamentos sobre meu papel em sala de aula. O que eu estava fazendo ali?
Ensinando, educando ou fazendo meramente controle social? Que papel me
destinava o Programa, posto que alguns professores não acolhiam a ideia de um
Policial Militar em sala de aula e entendiam minha atuação como uma forma de
controlar os mais “indisciplinados”? Comecei, então, a compreender melhor a
importância do papel social de um Educador.
De
1992 a 1995, em sala de aula, foi se consolidando o desejo de fazer a diferença
no cotidiano e na vida daquelas crianças que estavam em formação, precisavam de
autonomia e criticidade para elaborarem suas escolhas pensando nas
consequências; precisavam, na maioria das vezes, de alguma coisa para além das
informações, pois eram carentes de tudo, especialmente de afetos. Foram muitas
as experiências positivas lidando com professores nessas escolas e outras
vivências aumentaram minhas inquietações acerca de como esse processo
ensinagem-aprendizagem deveria percorrer caminhos éticos, já que um olhar mais
atento revelava uma intencionalidade velada e surgiam novas questões: estava
ali para formar ou deformar sujeitos em plena construção de suas habilidades e
competências para a cidadania?
Minhas críticas ao currículo do
PROERD me levaram a uma luta solitária, pois era preciso revisar os conteúdos,
modificar os textos imagéticos permeados de mensagens subliminares, enfim,
desconstruir o modelo americanizado e adaptá-lo à nossa realidade. Lembro que,
numa das reuniões de Coordenadores do Programa, um deles chegou a mencionar que
eu não estava apta a discutir essas questões, pois minha formação em Direito
não dava legitimidade à minha “fala” já que não era uma “pedagoga”, acredito
que essa referencia foi o meu maior desafio.
Assim, de 2000 a 2004, procurei
estudar todas as Teorias que fundamentavam o PROERD, dialoguei com Wallon,
Piaget, Vygotsky, Paulo Freire e outros autores estudiosos do tema, abrindo com
essas contribuições minha visão sobre a intencionalidade do currículo e fiz,
guardadas as devida proporções ante as minhas limitações do fato de “não ser
Pedagoga”, as adaptações curriculares para que o PROERD deixasse de ser uma
mera reprodução de um modelo americano e passasse a ser um ponto de partida na
construção de uma Rede de Proteção Social para jovens estudantes.
Em 2008, enquanto Coordenadora
Estadual do Programa, decidi voltar aos bancos universitários e em 2011 concluí
o Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia (já não integrava mais os quadros do
PROERD) e, hoje, tenho a confirmação de que minha identidade social e o
sentimento de pertencimento ao grupo de profissionais que convivem comigo,
atualmente, sem dúvida, fortaleceu minha autoestima já que é nesse grupo que
encontro eco para minha voz na luta pela qualidade das ações educativas e pela
dignidade de nossas crianças e adolescentes.
Por fim, posso garantir que fiz a
escolha mais acertada da minha vida, pois minha formação enquanto Pedagoga
interfere positivamente tanto no campo pessoal como no profissional.
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