quarta-feira, 12 de setembro de 2012

“ A ESCOLHA DA PROFISSÃO DOCENTE”


“ A ESCOLHA DA PROFISSÃO DOCENTE”
Tania Loos[1]
loos_consultoria@yahoo.com.br


            Minha escolha profissional se deu em decorrência da necessidade de ampliar meus conhecimentos na Área da Educação em face de minha atividade profissional inicial ter se voltado para a atuação em salas de aula, através de um Programa de “Educação Preventiva”.
            Em que pese, na infância, ter como referencial minha professora – Noêmia Regina da Fonseca Cravo, que até hoje é um exemplo de profissional competente na “arte de ensinar” e que se tornou inesquecível, minha opção pela Pedagogia foi se construindo ao longo dos anos de 1992 a 2004, período em que comecei a atuar como Docente de um dos maiores Programas de Prevenção às Drogas e Violência do Brasil, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (PROERD), desenvolvido pela Polícia Militar em parceria com as Escolas e Famílias.
No ano de 1992, após concluir o curso de Instrutores, ministrado por equipe do Departamento de Polícia de Los Angeles (EUA), iniciei minha jornada em escolas nos Municípios de Niterói, São Gonçalo, Nilópolis e Petrópolis. A proposta de trabalhar um currículo preventivo com crianças me conduziu a muitos questionamentos sobre meu papel em sala de aula. O que eu estava fazendo ali? Ensinando, educando ou fazendo meramente controle social? Que papel me destinava o Programa, posto que alguns professores não acolhiam a ideia de um Policial Militar em sala de aula e entendiam minha atuação como uma forma de controlar os mais “indisciplinados”? Comecei, então, a compreender melhor a importância do papel social de um Educador.
De 1992 a 1995, em sala de aula, foi se consolidando o desejo de fazer a diferença no cotidiano e na vida daquelas crianças que estavam em formação, precisavam de autonomia e criticidade para elaborarem suas escolhas pensando nas consequências; precisavam, na maioria das vezes, de alguma coisa para além das informações, pois eram carentes de tudo, especialmente de afetos. Foram muitas as experiências positivas lidando com professores nessas escolas e outras vivências aumentaram minhas inquietações acerca de como esse processo ensinagem-aprendizagem deveria percorrer caminhos éticos, já que um olhar mais atento revelava uma intencionalidade velada e surgiam novas questões: estava ali para formar ou deformar sujeitos em plena construção de suas habilidades e competências para a cidadania?
            Minhas críticas ao currículo do PROERD me levaram a uma luta solitária, pois era preciso revisar os conteúdos, modificar os textos imagéticos permeados de mensagens subliminares, enfim, desconstruir o modelo americanizado e adaptá-lo à nossa realidade. Lembro que, numa das reuniões de Coordenadores do Programa, um deles chegou a mencionar que eu não estava apta a discutir essas questões, pois minha formação em Direito não dava legitimidade à minha “fala” já que não era uma “pedagoga”, acredito que essa referencia foi o meu maior desafio.
            Assim, de 2000 a 2004, procurei estudar todas as Teorias que fundamentavam o PROERD, dialoguei com Wallon, Piaget, Vygotsky, Paulo Freire e outros autores estudiosos do tema, abrindo com essas contribuições minha visão sobre a intencionalidade do currículo e fiz, guardadas as devida proporções ante as minhas limitações do fato de “não ser Pedagoga”, as adaptações curriculares para que o PROERD deixasse de ser uma mera reprodução de um modelo americano e passasse a ser um ponto de partida na construção de uma Rede de Proteção Social para jovens estudantes.
            Em 2008, enquanto Coordenadora Estadual do Programa, decidi voltar aos bancos universitários e em 2011 concluí o Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia (já não integrava mais os quadros do PROERD) e, hoje, tenho a confirmação de que minha identidade social e o sentimento de pertencimento ao grupo de profissionais que convivem comigo, atualmente, sem dúvida, fortaleceu minha autoestima já que é nesse grupo que encontro eco para minha voz na luta pela qualidade das ações educativas e pela dignidade de nossas crianças e adolescentes.
            Por fim, posso garantir que fiz a escolha mais acertada da minha vida, pois minha formação enquanto Pedagoga interfere positivamente tanto no campo pessoal como no profissional.



[1] Ex-Coordenadora Estadual do PROERD, Bacharel em Direito, Pedagoga

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